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Assim disse Ifá


DESVENDANDO OS SEGREDOS DE IFÁ

APRESENTAÇÃO
Resultado de muitos anos de pesquisas, de sacrifícios e de lutas de pessoas que dedicaram suas vidas à missão de desvendar os mais recônditos segredos do Oráculo Ifá, este trabalho tem por objetivo, fazer com que esses segredos possam ser revelados a todos os olhadores do culto, para que, corretamente orientados, possam direcionar de forma mais segura, os atendimentos à seus clientes e seguidores.
Muito preconceito, muitas dificuldades e até mesmo algumas ameaças veladas serviram, ao contrário do que se poderia esperar, de incentivo e de estímulo na elaboração do mesmo.


Não é nossa intenção, como pode parecer a alguns, afrontar o sagrado, divulgando os segredos aqui contidos. Pretendemos, isto sim, desarmar os manipuladores que, de posse de alguns conhecimentos, não hesitam em utilizá-los em proveito próprio, buscando de alguma forma, explorar tantos quantos recorram aos seus préstimos e, sem o menor vestígio de escrúpulos, ao invés de solucionarem os problemas que os angustiam, criam outros ainda maiores, sempre relacionados aos preços exorbitantes que cobram por seus serviços que, quase sempre, visam determinar uma certa dependência, na medida em que, propositadamente, não resolvem totalmente o problema do cliente.
O culto aos Orixás perdeu, no decorrer dos séculos, grande parte de seus fundamentos principais em decorrência da insegurança de seus maiores sacerdotes, insegurança revelada na preferência de levar para a sepultura os seus conhecimentos à transmití-los aos seus seguidores.
Não podemos permitir que tal fato continue a esvaziar os nossos fundamentos religiosos, eles são preciosos demais para serem perdidos, enterrados junto com este ou aquele sacerdote que, por vaidade ou usura, negue-se a transmití-los, o que asseguraria a continuidade do Axé em total integridade.
A velha resposta que todos os iniciados no culto certamente fartaram-se de ouvir: - "Ainda é muito cedo prá vosmicê saber essas coisas!"- Não é mais cabível, não é mais aceita, na medida em que pessoas mais e mais esclarecidas, optam por nossas práticas religiosas e compreendem perfeitamente que, para o saber, não existe hora certa nem  limites. Para fazer sim, é necessário que se esteja espiritualmente habilitado.


Recebemos de Orunmilá, através de determinação de nossos Odus pessoais, a missão de transmitir os ensinamentos que deverão ser preservados pelas gerações futuras, não mais oralmente como se fazia até bem pouco tempo, mas escritos e publicados para que não se percam e para que estejam ao alcance de todos que deles possam tirar proveito.
De uma maneira muito mágica, Orunmilá nos deu provas de suas intenções de ver seu culto amplamente propagado. Sempre que alguma informação nos é sonegada por pessoas mal intencionadas acaba, inusitadamente, chegando às nossas mãos por vias inesperadas e que invariavelmente, transformam-se em mananciais inesgotáveis de conhecimento.
As rezas ou saudações não podem ser traduzidas em decorrência da degeneração de grande parte das palavras nelas contidas, influenciadas que foram pelo idioma espanhol falado em Cuba, nossa principal fonte de informações e único país das Américas onde o culto a Orunmilá foi mantido quase de forma integral em relação ao praticado na África.
Esperamos estar colaborando desta forma para a divulgação de toda uma prática religiosa que, diferente do que pensam seus inimigos, é pautada em conhecimentos filosóficos e esotéricos, como poderão comprovar nossos leitores.

Seria fundamental, que cada um pudesse conhecer o seu Odu pessoal o que, afirmamos com absoluta certeza, só é possível através de uma consulta ao Oráculo de Ifá e nunca através de contas onde se somam os números relativos à data do nascimento de cada um.


PARTE I
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EJIOGBE
REZA DO ODU EJIOGBE:
Baba Ejiogbe alalekun moni lekun, okó ayá lalá, omodú aboxun, omó eni ko xé ileké rixí kamu, ileké omó lorí adifafun aladaxe ilapaporo timbabeledi agogo.
Ejiogbe é o primeiro Odu-Ifá e assinala o início de tudo. É um Odu masculino que deu origem às águas, às palmeiras, às plantas revestidas de espinhos, aos vasos sangüíneos, à coluna vertebral e ao externo. É a sustentação da caixa torácica.
Representa os raios solares e o ponto cardeal Este. É regido pelo Sol; seu dia propício é o domingo e sua cor é o branco.
Suas folhas são: Amendoeira, ewe karodo (Comelina Elegans); e oxibatá.

Foi por este Odu que Olofin se afastou da Terra por causa da fumaça das fogueiras feitas pelo homem. Em decorrência disto, é proibido fumar no Igbodun de Ifá1
Neste Odu Obatalá foi em busca de Oxóssi dentro da floresta porque este acreditava que não tinha pai nem mãe. Por este motivo, quando em osogbo2, prenunciando perdas e pranto, deve-se fazer ebó e borí em todas as pessoas da casa e sacrificar galo e pombo para Oxóssi e Obatalá.
A casa deve ser lavada com água de anil e depois com água  limpa.  Todas as pessoas da casa devem, também, tomar banho com água de anil.
Prenuncia infelicidade no amor, o que pode ser evitado com: eiyelé metá funfun 3; dezesseis folhas de amendoeira (Amygdalus communis, Lin.); osun e efun que se despacha no alto do morro com o ebó.
É necessário que, feito o ebó, a pessoa fique durante sete dias sem sair de casa, no período compreendido entre as doze e as dezoito horas.

1 - Dependência onde se encontra o igbá de Orunmilá, (quarto de Ifá) 2 - Negatividade, prenúncio de acontecimento nefasto.
  1. - Três pombos brancos.


Assinala perseguição de um Egun de Omolú. A pessoa deve tomar sete banhos com folhas de brinco-de-princesa (Fuchsia integriofolia, Camb.) e à noite, numa praia qualquer, oferecer frutas às águas do mar para que seus caminhos de triunfo sejam abertos.
As pessoas deste Odu devem sacrificar e enterrar sete pombos em locais diferentes da cidade onde vivem e oferecer um pargo fresco à cabeça.
Os filhos de Ejiogbe, de dois em dois meses, devem oferecer adié4 e pano estampado à sua cabeça. Refrescar a cabeça com água na qual se quinou as pétalas de uma rosa branca grande com uma pitadinha de efun.
Devem acender uma lamparina a Obatalá num prato branco, com ovo de pombo, azeite de amêndoa, ori-da-costa e relacionar por escrito, todas as dificuldades das quais deseja se livrar.
Se for Babalawo deve levar sempre, no bolso, um okpele5. Não pode partir obí para louvar Orí.

Deve pintar um coco com efun misturado com otí6 e, durante dezesseis dias, apresentá-lo ao céu ao despertar e antes de dormir. No fim dos dezesseis dias despacha-se no alto do morro, na hora em que o Sol se põe. Apresenta-se a Olofin e à sua cabeça, implorando para que não surjam problemas, destruição, perdas e lágrimas.
Quando se apresenta em Osogbo Ikú7, faz-se ebó com pombo branco coberto com pó de romã (Punica granatum) torrada e pó de carvão.
Este Odu determina que deve-se recorrer à proteção de Oxun e de Orunmilá, para o que faz-se três ebós no mesmo dia.
Primeiro ebó: Uma galinha (sacrificada diretamente sobre Exú); 1 cabaça; pó de preá; pó de peixe; azeite de dendê; milho; três ejá tutu8. Arriar num caminho, retornar à casa do Awo9, tomar banho e descansar.

  1. - Galinha.

  1. - Instrumento divinatório (corrente) de uso exclusivo dos Babalawos. 6 - Aguardente.
  2. - Morte.
  1. - Peixe fresco.

  1. - O mesmo que Babalawo - Sacerdote de Orunmilá.
Segundo ebó: Um pinto; uma moringa de omi10; uma cabaça; uma abóbora.
Terceiro ebó: Um bode, uma adié11, pano, uma frigideira de barro, uma cabaça, dezesseis pombos e dezesseis palmos de pano branco. (Leva-se ao local determinado pelo jogo e depois vai-se para casa).

CÂNTICO DE EJIOGBE:
Axinimá, axinimá, Ikú furubuyema. Axinimá, axinimá, Arun furubuyema. Axinimá, axinimá, Ofo furubuyema. Axinimá, axinimá, Ejó furubuyema. Axinimá, axinimá, Ogú furubuyema. Oxeminiê, Oxeminiê, Oxeminiê...
Proíbe o uso de roupas listradas; meter-se em assuntos que não sejam do interesse da pessoa; receber ou transmitir recados durante a noite; entrar na casa de quem quer que seja sem pedir licença para tal, (mesmo se for pessoa da maior intimidade) e permitir que crianças se arrastem pelo chão de casa.

O vício do jogo deve ser evitado pois ocasionará a ruína total.
Não permite que se tenha três mulheres. Pode-se ter uma, duas, quatro e até mais, jamais três mulheres. (Na África a poligamia é permitida aos homens).
Este Odu ensina que a coroa de Olofin é composta de dezesseis penas de ekodidé, porque era desta forma que homenageava sua própria cabeça.
Indica que existe alguém que só fala com a pessoa para inteirar-se de sua vida. Fala da mariposa que queima as asas por querer voar antes da hora.
Na guerra de Okuté contra os Orixás, Oxóssi captura-o por ser de justiça; Oxun o sentencia e Ogun o mata.


  1. - Água.
  1. - Galinha.


O awo deste Odu recebe Olofin no primeiro ano de sua iniciação e durante este tempo é acompanhado por ele. É acompanhado por Orunmilá durante os primeiros sete anos e depois é visitado a cada quarenta e um dias.
Neste Odu se determina que a comida de Olofin, nas consagrações de Ifá,  é oferecida no sexto dia e, logo que termina a cerimônia, deve ser retirada do quarto de Ifá.
O Awo deste Odu não pode praticar sexo oral  nem  sexo anal com  suas    mulheres.
Não pode manter relações sexuais às sextas feiras.
Os Awo que têm Oduduwa não podem permitir que, durante o ato sexual, a mulher fique por cima dele, sob pena de ficar impotente.
Neste Odu se lava as vistas do Awo com omi para que não fique cego e, para isto, existe uma cerimônia específica.
Neste Odu os filhos de Obatalá não podem praticar bruxaria, sob pena de sofrerem graves punições.

ITANS DE EJIOGBE
  1. - Da disputa entre três caminhos, Terra, Praça e Água, pelo desejo de ser o mais importante, Ajá, que serviu de intermediador lhes disse: "Lutam por simples prazer, pois nenhum dos três é mais importante que os demais. Desta forma, é necessário que se unam e vivam em paz. Se a Água não cair sobre a Terra, esta não produzirá seus frutos e a praça perderá a sua utilidade que é a de servir como local de comercialização dos frutos da Terra. Vivam em paz, os três têm a mesma importância!"
Assim, os três caminhos fizeram as pazes e, agradecida, Terra disse ao cão: "Por mais distante que vás de tua casa, jamais te perderás, pois sempre te servirei de orientação!"
A Praça falou: "Quando sentires fome e nada tiveres para comer, vem a mim! Sempre reservarei para ti algum alimento, nem que seja um simples osso!"
Água sentenciou: "Estarei sempre disponível para matar a tua sede e mesmo que caias em meu leito, jamais perecerás afogado, pois eu mesma te ajudarei a nadar e a livrar-te do perigo!"
E assim, Terra, Água e Praça, se tornaram os maiores amigos do cão.
Este itan determina, para quem vai viajar, que se faça um ebó composto de: Dois galos, duas galinhas, terra de cemitério, terra de uma encruzilhada de três caminhos; terra da floresta, da montanha, do fundo do rio, pó de preá, pó de peixe, epô, banha de orí, efun, milho e muitas moedas.



  1. - Um filho de Oxóssi, que saía em expedição de caça, consultou Ifá e lhe surgiu Ejiogbe que lhe recomendou que fizesse um ebó com todos os ovos de galinha que tivesse em sua casa, para evitar que fosse capturado por Ikú.
O homem não fez o ebó e, dias depois de internar-se na floresta, sem haver conseguido abater qualquer caça, deparou com Ikú que, disfarçado, se propôs a acompanhá-lo na caçada.
Depois de caminharem lado a lado encontraram dois ovos da ave alakasó13, que o caçador se propôs a dividir com Ikú, um para cada um.
Ikú, no entanto, disse ao homem: "Podes ficar com os dois ovos, este não é o meu
alimento!"
Retornando à sua casa, o caçador cozinhou os dois ovos de alakasó e deu-os de comer a seus filhos.
Horas depois Ikú apareceu e, batendo na porta, disse: "Venho buscar a minha parte pois tenho fome e nada encontrei para comer."

O homem então respondeu: "Ai de mim! Dei os ovos de alakasó para meus filhos e agora nada tenho para oferecer-te..."
Sem sequer esperar pelo final da explicação, Ikú, imediatamente, devorou o homem e seus dois filhos.
13 - Pássaro que se alimenta das parasitas do gado bovino, corresponde, provavelmente, a uma ave negra conhecida como "anu" no Brasil.


  1. - Orunmilá não tinha onde viver e, em todos os locais em que chegava, acabava sendo escorraçado.
Um dia, em companhia de Oxun, saiu em busca de um lugar onde pudesse fixar-se definitivamente.

macaos14.

Chegando à beira da praia avistaram uma grande baleia que tentava devorar   alguns

Agradecidos, os macaos ofereceram seus caracóis à Orunmilá para que pudessem servir-lhe de moradia.
Os filhos de Ejiogbe devem possuir dois caracóis de macao, carregados com: terra do solo de sua casa, pó de chifre, obí, orogbo, ouro, prata, pó de ekú, pó de ejá, epô, agbado15, folhas de Ejiogbe, areia do mar. Estes caracóis, depois de prontos, permanecem dentro do igbá- Orunmilá.
  1. - Olofin queria abandonar a Terra e, para tal, solicitou a ajuda de Orunmilá. Sabendo  da pretensão de Olofin, Ikú, solicitamente, apresentou-se para ajudar
Orunmilá em sua tarefa.
Sem poder discriminar qualquer de seus filhos, Olofin resolveu submete-los à uma prova, para saber qual dos dois, Orunmilá ou Ikú, iria ajudá-lo na viagem de volta ao Orun16 e determinou que, aquele que conseguisse passar três dias inteiros sem tomar qualquer alimento, seria seu acompanhante.
No segundo dia de teste, Orunmilá, atormentado pela fome, encontrava-se sentado à porta de sua casa quando Exú, que servia de fiscal da disputa, aproximou-se e disse: "Tens fome?" Ao que Orunmilá respondeu: "Sim, estou quase desfalecendo de tanta fome!"


  1. - Espécie de lesma marinha que utiliza-se de conchas ou cascas abandonadas por caramujos, como se fossem suas próprias carapaças, também conhecida como "ermitão". e Oxun, penalizada, lançou seus cinco alfanjes contra a baleia, matando-a.
  2. - Milho
  1. - Céu metafísico onde habitam espíritos de diferentes hierarquias.

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