DESVENDANDO OS SEGREDOS DE IFÁ PARTE XII
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I I I I OTURUKPON MEJI
REZA DE OTURUKPON MEJI
Oturukpon Meji oboro ni xoro logun ni faderé ni xado oku ni, faderé ni xoro, oku no faderé Babalawo todi fun tokutu axoro ekun. Oloro toroxo adifafun ekun.
Oturukpon Meji é um Odu feminino, filho de Olokban e Tolokban.
É conhecido entre os Fon (jêje), como "Turukpen" ou "Turukpon Meji", onde o "r" é constantemente substituído pelo "l". Alguns o chamam ainda de "Bokonõ Lelo", "Awonõ Lelo", "Lelojime", ou simplesmente "Lelo".
Em yoruba os termos "Lelo", "Lero", "Ilero", (de "Ile-Oro"), significam "Terra Firme".
Suas cores são todas aquelas derivadas do vermelho, aceitando também o negro e tudo o que for estampado com estas duas cores.
Representa a gravidez, as inchações e de forma geral, tudo o que é arredondado - rostos redondos, seios grandes, protuberâncias anormais como hérnias, elefantíase, furúnculos, tumores e inchações diversas.
É um Odu ligado às Ajés1 e segundo dizem, foi o criador da diarréia.
É muito temido pelas mulheres grávidas, pelo seu poder de provocar abortos e partos prematuros.
Aqui, sob as ordens de Ofun Meji, foi criada a Terra e por este motivo é um signo ligado à abundância e à riqueza.
Foi este signo que criou as montanhas e é também um dos Odu dos gêmeos Hoho2
- - Espíritos feiticeiros do sexo feminino.
- - Vodun de origem fon que corresponde ao Orixá Ibeji dos nagôs.
Sempre que este Odu surgir numa consulta, o adivinho deve tocar o solo com as pontas dos dedos e depois roçar, de leve, seu próprio peito, pronunciando: "Ilero" ou "Lelo", como forma de saudação à Terra, gesto este que deve ser imitado pelo consulente.
Fala de inversões sexuais e de bruxarias feitas através de comidas ou bebidas.
Foi por intermédio deste Odu, que Orunmilá transmitiu sua ciência aos sábios, para que eles a transmitissem aos homens comuns.
Indica que a mulher trai o marido e que se ainda não o fez, é por falta de oportunidade.
Determina separação de mãe e filho e muita tristeza por este motivo.
Os filhos deste Odu são pessoas destinadas ao sucesso, a galgarem altos postos, devendo para isso submeterem-se com muito boa vontade aos sacrifícios exigidos.
Pode denunciar a ação de Abíkú, ou sua presença. Aqui os frutos amadurecem e caem das árvores.
Nasceu o costume de arrastar os animais em sacrifício para determinados Orixás enquanto se faz a seguinte reza:
Odi olekurú kurú. Odo olekuré kurú eni, eni lawo adeni
Lawo eni eni lawo adeni lawo Ekú meni ki ekun ma pá réwé.
Os filhos de Oturukpon Meji não podem comer mamão, galo, galinha d'angola e frutas de trepadeira.
Aqui Oxun rogou o ventre com uma cabaça.
Aqui nasceu a obesidade, a diarréia, os fibromas, a elefantíase e todas as doenças que provocam inchações.
Assinala inversão sexual, enfermidades e bruxarias por comidas e bebidas. Neste Odu falam Omolú, Ogun, Xangô, Obatalá, Oduduwa, Osain e os Ibeji. Sua árvore ritualística é o cedro.
Seus filhos, para conservarem ire, têm que fazer ebó constantemente. Têm que assentar Osain.
Avisa ao homem que por muitos amores que tenha, morrerá nos braços de sua legítima esposa.
Assinala hidrocele, hérnia escrotal ou dores localizadas na bolsa escrotal. Oturukpon Meji é o servidor de Orangun.
Aqui ocorreu a evolução biológica do homem primitivo, possibilitando a melhor expressão do espírito.
Este Odu trouxe ao mundo os pigmeus e os anões.
Foi por este caminho que Orunmilá transmitiu sua ciência aos sábios para que eles pudessem ensinar aos homens comuns.
Aqui nasceu a nomenclatura científica, a mentira piedosa e a determinação de que todas as crianças nasçam de cabeça.
É o Odu do tigre enfurecido.
Aqui Elegbara, que não possuía cabeça, recebeu uma graças a Orunmilá. Mãe e filho vivem separados mas a mãe luta por ele.
Assinala permanente estado de guerra.
Quando o Awo deste Odu faz ebó, é sua mãe, se for viva, quem deve despachá-lo.
Se for morta, o ebó deve ser despachado em sua sepultura.
Quando surge este Odu, o Awo que o encontrou não pode colher ervas por um período de sete dias.
Orunmilá vivia sobre a Terra e, como ela o tivesse ofendido, Olofin mandou o dilúvio para lavar as manchas que se formaram sobre ela.
A mulher está insatisfeita com o marido e deseja enganá-lo. Se o abandonar será muito prejudicada e prejudicará a outras pessoas que dependem do apoio de seu marido.
Quando sai para uma mulher este Odu assinala enfermidades no ventre ou nos seios que quase sempre estão ocultas, mas que, ao se manifestarem, podem ser fatais.
Assinala frieza sexual na mulher.
A pessoa tem que ter cuidado porque alguém deseja enfeitiçá-la por meio de algum alimento ou bebida. O motivo é somente a inveja.
Tem que levar comida ao cemitério e colocar na primeira sepultura que encontrar
aberta.
Neste Odu se faz ebó com frutas grandes e redondas.
Aqui Orunmilá foi reconhecido por Olorun graças à sua mãe que pediu uma esteira para seu filho e a obteve.
Aqui Xangô comeu bode pela primeira vez.
Fala um Espírito muito elevado que acompanha a pessoa.
O Awo deste Odu não deve permitir que a mulher o morda na hora de fazer sexo pois isto compromete seu interesse pelo sexo.
Este é um signo de submissão do homem pela mulher.
Quando o Awo deste Odu tem problemas com dinheiro, cata dezesseis conchas na praia, risca os dezesseis Odu Meji (um em cada concha), sacrifica um galo sobre elas, faz um pó e passa pelo seu tabuleiro.
SEGURANÇA DO ODU
Um pedaço de pele de tigre, um imã, três agulhas, um anzol, pó de efun, de carvão e de osun, três grãos de ataré, terra de quatro esquinas, hortelã, ewe ewe (Mirabilis jalapa, Lin.), ewenijé (Partenium histerophorus, Lin.), sempre-viva, e diversas moedas correntes. Coloca-se tudo dentro de uma cabaça e pendura-se atrás da porta de entrada de sua casa.
Disse Ifá:
- - "Aquele que trança uma corda não saberá trançar a Terra, não pode levantar a mão e agarrar o Sol".
(Ninguém pode causar danos àquele que, tendo encontrado este signo, ofereça os sacrifícios exigidos).
- - "A Terra não se assenta sobre a cabeça de uma criança".
Oturukpon Meji, décimo segundo signo na ordem de chegada em Ifá e último de uma série de forças misteriosas que, segundo se afirma, estão associadas aos signos do zodíaco. Os doze primeiros signos estão como que reunidos no símbolo do último. Aquele que encontra Oturukpon Meji supostamente encontra todos que o antecedem.
"Le", assim como "Lo", designa aquilo que não se deve fazer, dizer, entender, tocar e ver, e na presente sentença evoca os doze primeiros signos de Ifá.
A criança à que se refere a sentença, é o próprio consulente, indefeso diante dos perigos desencadeados pelas energias contidas nos doze primeiros Odu Meji, energias estas que sua cabeça é incapaz de suportar.
Quando "Le"- a Terra - exige um sacrifício que substitua a morte próxima de sua mãe, seu pai, mulher ou filho, pressupõe-se que o sacrifício será considerável, uma vez que tem por objetivo "enganar a morte".
No mesmo dia em que o signo for encontrado o cliente adquire o cabrito mais bonito que puder encontrar e uma cabaça suficientemente grande para que possa comportar uma galinha, a polpa de uma abóbora, um mamão e dezesseis acaçás.
O sacerdote sacrifica o cabrito, derrama o seu sangue dentro da cabaça, retira seus intestinos que são esvaziados, limpos e lavados com muito cuidado; o coração, os pulmões, os rins, o fígado e a gordura. Sacrifica a galinha, junta suas vísceras ao conteúdo da cabaça.
Antes de iniciar este ritual, os dezesseis Odu Meji devem ser traçados no iyerofá, que é despejado dentro da cabaça depois das vísceras da galinha.
Depois disto, vai colocando, dentro da cabaça, um número de búzios correspondente ao número de parentes vivos do consulente. Os búzios são colocados um a um dentro da cabaça e a cada búzio colocado, o cliente diz: "Heis aqui minha mãe, ela pagou! Heis aqui meu pai, ele pagou! Heis aqui minha mulher (ou marido) ela (ele) pagou! Heis aqui meu filho fulano, ele pagou! Heis aqui meu filho sicrano, ele pagou!" E assim, até chegar ao nome do último parente vivo. Depois de oferecido o búzio correspondente ao filho ou neto mais novo, o cliente colocará um último búzio, dizendo as seguintes palavras: "Heis aqui, este sou eu e também estou pagando!"
Este ebó exige muito critério e muita atenção, se o nome de algum parente for omitido propositadamente ou não durante a entrega dos búzios, a pessoa cujo nome não tenha sido relacionado estará irremediavelmente condenada à morte. O Sacerdote deverá prescrever, além deste, outros sacrifícios considerados de segurança, tanto sua, como do cliente. ( Por tratar-se de um ebó que visa "enganar a morte", as pessoas envolvidas devem proteger-se através de outros ebós além de sacrifícios oferecidos a Orixás, Exú, Eguns, etc.)
O Sacerdote, acompanhado do cliente, penetra numa floresta, constrói um monte de terra limpa sobre o qual coloca toalhas brancas e toalhas vermelhas; traça os doze primeiros signos e, por deferência, os quatro últimos. Na medida em que vai traçando cada signo, vai fazendo suas saudações, depois despeja o iyerosun em que foram traçados sobre o sacrifício que está oferecendo.
A cabaça com todo o seu conteúdo é depositada sobre os panos vermelhos. Junta-se dez (10) obís batá dentro de uma quartinha com água à esquerda da cabaça. Depois disto todos os presentes batem cabeça em homenagem à Terra e retiram-se no mais absoluto silêncio. (Este sacrifício serve para todos os Odu).
ITANS DE OTURUKPON MEJI
1 - Ifá chegou a este mundo antes de seus mensageiros Legba, Miñona e Abi, que estão sob suas ordens, ao contrário de Igbadu que está acima dele.
Criado por Mawu, Ifá desceu do céu trazendo para a terra todas as árvores, todas as plantas, todos os animais, todos os pássaros e todas as pedras.
Naquela época, existia sobre a terra somente um protótipo de ser humano, muito pequeno, negro e muito parecido com o homem.
Ao chegar ao Aiye, Ifá transmitiu todo o seu conhecimento a este estranho ser, a quem deu o nome de "Koto".
Logo que Mawu criou os seres humanos Koto transmitiu-lhes toda a ciência que havia recebido de Ifá, o conhecimento de todas as coisas e principalmente, o conhecimento do próprio Ifá.
Koto, que sabia o nome de tudo quanto existia, ensinou-os aos homens, esquecendo- se, no entanto, de transmitir o nome de uma única árvore à qual os homens chamaram de "Kotoble" e depois de Wugo.
Assim, foi apenas a uma única árvore, dentre todas as coisas que existem no mundo, que os homens deram nome.
Aquele que encontrar este signo deve oferecer um sacrifício para não ser perseguido pela má sorte. Sua mãe terá um papel muito importante em sua vida, cujo sucesso depende, quase que exclusivamente, dela.
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OTURUKPONLOGBE OTRUPONBEKONWA
REZA DE OTURUKPONLOGBE
Oturukponbekonwa apupá palapá adifafun Xangô kukute kukú adifafun Alun Oloje tinxoma Olofin eleiye lebo. Adifafun Ibán ajará akukó lebó. Kpagefe iyele kofelé adó iyu omigun adifafunreré. Awoeure lebó, eiyelé lebó.
Este Odu é filho de Oturukpon e Ogbe. É um signo de peregrinações.
Dois carneiros não bebem água na mesma fonte.
Aqui o bem se paga com o mal. Não se pode fazer favores.
Por querer pagar o bem com o mal, o tigre ficou preso embaixo de uma pedra.
O mal que a pessoa praticou uma vez, não pode ser repetido porque, se da primeira vez se deu bem, na segunda será presa.
Os caçadores perderam sua sorte por colher inhames em terras alheias. Este é o signo dos piratas.
Existe um espírito mal que perturba a vida da pessoa. Assinala dívidas com Xangô.
Quando sai este Odu, o Awo toca o peito com o punho cerrado e diz:
Godo godo muá mofin, kaiá mofin, kaiá mofin kaiá.
(Eu toco meu peito por Xangô como ele toca seu peito por mim).
A pessoa, por não fazer as coisas em tempo hábil, pode sofrer perdas. Alguém está lhe fazendo o mal por meio de feitiços.
Assinala sofrimento do estômago, da barriga, dos pulmões. Muito cuidado com o fogo.
A pessoa, quando bebe em companhia de outros, pode dizer ou fazer coisas que lhe serão muito prejudiciais e das quais virá a se arrepender grandemente.
Existe um grande perigo relacionado à uma viagem ao interior.
A pessoa não pode ter assentamentos de Eguns, só pode tê-los de Orixás e de Ifá. Para seu bem tem que fazer Orixá e assentar Orunmilá.
Não pode comer milho nem ser desobediente.
Tem que cumprir com suas obrigações com os Orixás. Não deve comer nem beber nada que lhe dêem tampado.
Tem que ter muito cuidado com presentes que lhe forem dados por pessoas que não sejam de sua absoluta e total confiança, cuja procedência seja ignorada ou de conteúdo desconhecido.
Não pode comer arroz, a não ser que seja inteiramente branco, sapotí, quiabo, e feijão branco.
Tem que fazer uma cerimonia a Xangô nos pés de uma palmeira.
Para aliviar sua própria cruz, precisa ser mais ativa, ter mais fé e ser mais reservada
e legal.
Tem que procurar fazer o bem a todos e jamais deve pagar o bem com o mal porque aí está sua destruição.
Se quiser descobrir o autor de um roubo de que foi vítima, deve colocar uma ratoeira em Exú e o ladrão será desmascarado.
Quando traz osogbo, a pessoa deve assentar Orixaoko.
Neste caminho existe um Egun que foi carroceiro e que guia a pessoa pelos caminhos da vida, seu nome é Aborotifá Egun Laiye Afefe.
Xangô criou a carroceria das carroças e Oturukponlogbe criou as rodas. A criação da carroça serviu para facilitar o comércio entre os homens.
Neste caminho a pessoa tem que cultuar Xangô, Orixaoko e cuidar do Egun Afefe
Laiye.
É caminho de proteção de Yemanjá. Proíbe seus filhos de comerem inhame.
Para não se perder a sorte trazida por Yemanjá, tem que oferecer um tambor com muitos inhames a Elegbara, numa praça.
Roga-se a cabeça com ajapá.
Neste signo nasceu a roda.
TRABALHO PARA OBTER DINHEIRO
Uma porção de feijão fradinho cozida sem sal e sem qualquer outro tempero. Colocam-se os feijões, depois de cozidos, dentro de uma cabaça onde se riscou o signo de Oturukponlogbe, rega-se com bastante epô pupá, coloca-se em cima do opon com iyerofá e reza-se o Odu. Pega-se o iyerofá, depois de terminada a reza e coloca-se dentro da cabaça. Passa-se um galo preto no corpo, sacrifica-se sobre o conteúdo da cabaça, limpa-se e esquarteja-se o bicho, coloca-se suas partes dentro da cabaça sem cozinhar. Em seguida, leva- se a cabaça à uma mata onde, segurando-a com a mão esquerda, vai-se pegando o seu conteúdo e espalhando a esmo enquanto se diz: Umbo bogbo Orixá, Egun maiye igbo opolopo owo.
A cabaça, depois de esvaziada, é deixada na mata.
TRABALHO PARA REAVIVAR A MEMÓRIA
Oferecer à cabeça, um pombo, um casco de ajapá e bolas de algodão.
TRABALHO PARA DESTRUIR UM ARAJÉ
Marca-se o signo de Oturukponlogbe no chão de uma construção abandonada. Coloca-se em cima uma panela de barro com óleo de motor queimado e uma aranha peluda. Acende-se uma mecha pedindo a destruição do Arajé. Este trabalho só terá resultado se, na hora em que for feito, o Arajé estiver dormindo.
EBÓ EM OTURUKPONLOGBE
Um cabritinho, um galo, quatro espigas de milho, uma cabacinha, um ajapá, um obé, pó de ekú e de ejá.
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